Mais medidas de austeridade, foi o prémio que o governo nos
deu pelo bom comportamento.
As medidas anunciadas são de uma gravidade brutal, nomeadamente
a TSU. Estranhamente nem entidades patronais nem sindicatos concordam com ela. Para
que serve?! Para tapar a borrada que o tribunal constitucional fez, é a única explicação.
Nunca houve equidade entre o sector público e privado, foi agora que os juízes do
Tribunal Constitucional descobriram essa realidade.
A descida da TSU para empresas e a subida para os
trabalhadores não é mais do que uma forma de financiamento. Será que todas as
empresas privadas são viáveis e merecem esse financiamento por parte dos
trabalhadores, ou irão falir passados meses, onde fica o esforço, onde fica a
justiça dessa acção. Não duvido que a descida da TSU para empresas e a
manutenção desse valor para trabalhadores constituiria uma importante
ferramenta de redução de imposto com efeitos na manutenção de empregos , com
fortes possibilidade de criação. Assim, não passa de uma mera transferência
entre partes onde não se vislumbra nada de bom.
Quando se fala de PPP todos sabemos que é necessário cortar
e o governo tarda a fazê-lo. Os contratos das parcerias encontram-se de tal
forma blindados que se torna impossível fazer qualquer coisa em relação a isso.
O que mais me indigna é que os srs. que os assinaram continuam por aí como se
nada fosse. No mínimo deviam estar presos, NO MÍNIMO.
Quando se falou em fundações apareceu logo um coro de nãos
aos cortes. Agora já todas são importantes, já todas são relevantes. Quem o diz
é muitas vezes quem depois se mostra contra a carga de impostos sobre as
pessoas. É preciso cortar aqui, tarda em que seja realidade. O prazo (31
Agosto) já passou.
O ensino, o ajuste tinha que ser feito. Se há professores a
mais o destino só pode ser um, o desemprego. Mesmo assim, sabendo-se este ponto
ainda continuamos a ter um número de vagas excessivo para esses cursos. Muitos
só servem para satisfazer os professores do ensino superior.
Olhemos para a política, parece-me claro que o CDS não está
estabilizado. A necessidade de Paulo Portas convocar uma reunião com o núcleo duro
antes de falar das mais recentes medidas de austeridade é um enorme sinal de
instabilidade da maioria.
Noutro ponto, o grupo parlamentar do PSD parece estar a
fragmentar-se, não sei até que ponto não haverá rupturas nas votações do OE. Não
seria inédito essa fragmentação.
Por fim, a minha maior desilusão foi na entrevista (SIC) a
Vitor Gaspar quando relativamente à descida da TSU o que iria fazer para
controlar o dinheiro que fica nas grandes empresas (EDP, PT, GALP, JM, SONAE,
etc…). Perante esta pergunta o ministro falou de um qualquer mecanismo de controlo
de tesouraria, sem especificar muito, sem dar pormenores de nada. Arrisco-me a
dizer que nem o próprio sabia do que estava a falar. Para maior decepção,
quando interrogado sobre se estas empresas iriam repercutir esse dinheiro numa
redução dos presos dos serviços que vendem, o ministro Gaspar não afirmou o
papel de regulador do Estado, dizendo que como bom senso e com naturalidade as
empresas irão fazê-lo automaticamente sem que haja regulação. Ora esta afirmação
é completamente errada. É pura e simplesmente desconhecedora do mundo onde
vivemos. O Estado tem que ser regulador.
Urge a necessidade de medidas descentralizadas de
investimento e isto só é possível dando um murro na mesa nas reuniões.
Afirmando que as medidas do programa foram tomas e não estão a resultar, não
devendo insistir no mesmo erro. Se os ministros não se sentem capazes de
gritar, de vociferar, de até mesmo exigir que assim seja, pois merecemos pelo
comportamento demonstrado até aqui, entraremos num profundo ciclo depressivo
sem qualquer luz de saída.
Deve ser dado a mérito a este governo por algumas medidas de
redução da despesa, por exemplo o eliminação de chefias excessivas e limitações
de vencimentos de gestores públicos, cortes em rendas e as concessões de
exploração de minas que está a decorrer com bom ritmo. Não posso perdoar o
falhanço em toda a linha, desde a execução do OE2012 até a teimosia do mesmo
ainda por cima não pedindo nenhum benefício claro para o crescimento económico.
Passos Coelho e Vitor Gaspar estão desorientados, fechados
em caixinhas, muito mais eles que os restantes ministério. Cheira-me que o
Governo está por um fio depois de ter acabado com a estabilidade que o país
detinha mesmo em austeridade.
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